domingo, 29 de agosto de 2010

Você é Um Mau Estudante? Eu era.


Eu perdi anos do meu valioso tempo, centenas de dólares e muita frustração na minha perseguição para me tornar um ótimo guitarrista e ser um músico profissional. Se eu soubesse então o que eu sei agora, eu poderia me tornar um profissional muito mais rápido do que eu realmente me tornei.
Os erros que eu cometi antes são muito mais numerosos para listar em um único artigo. Talvez eu poderia escrever uma série chamada: “Meus Erros Mais Estúpidos”. Eu vou focar aqui nos erros que talvez alguns de vocês possam se relacionar (e espero, evitar!)
Eu era um estudante horroroso como um músico iniciante e intermediário. Na verdade, eu era um estudante terrível antes de eu ter um professor. Eu tentei ensinar a mim mesmo aos 13 anos de idade. Eu era tão ruim, eu não podia nem fazer com que o professor em mim fizesse com que o estudante em mim fizesse o que eu estava me dizendo para fazer. Depois de um início muito entusiástico (mas improdutivo), eu desisti do meu método autodidata.

Quem é o Culpado?
Depois de desperdiçar os primeiros 2 anos, eu comecei a pegar aulas de um professor local. Eu logo fiquei entediado e culpei ele pela falta de um grande progresso e mudei de professor. Esse círculo me ocorreu 5 ou 6 vezes nos próximos 18 meses. Apesar de eu estar progredindo muito mais rápido do que eu estava sem um professor, eu não tive nenhum tipo de grande resultado que eu estava esperando em nenhum destes professores. Olhando para trás agora, alguns dos meus professores eram muito bons, e alguns não. Mas eu posso ver agora que a maior parte do problema era EU. Mesmo quando eu estava estudando com meu pior professor, eu poderia ter progredido de 2 a 5 vezes mais rápido com ele do que eu progredi se eu realmente tivesse FEITO o que ele me disse para FAZER.
Como um estudante, eu pensava que eu sabia qual era meu melhor interesse de aprender. Eu pensava que eu tinha que ser aquele para dizer ao professor o que me ensinar. Eu pensava que era trabalho do professor me ensinar qualquer coisa que eu quisesse saber qualquer hora que eu pedisse para ele. E eu também pensava que eu tinha o direito de dizer para ele como e o que me ensinar.
Anos depois, depois de eu ter a oportunidade de estudar com 3 professores realmente bons, eu ainda culpava os professores menos que bons por minha falta de progresso nos meus primeiros anos. Logo depois de eu começar a ensinar outros profissionalmente, eu finalmente entendi que meu principal motivo da falta de progresso como estudante era na verdade mais culpa minha do que dos meus professores. O que é tão óbvio para mim agora, era inconcebível pra mim quando era adolescente. E esse simples fato me causou mais dano para meu crescimento musical mais do que qualquer outra coisa.

A Primeira Grande Reviravolta 
em 1989, eu estava pegando aulas de um professor local de nome Randy. Como de costume, eu não achei que estava progredindo muito. Durante uma aula, eu disse para o Randy que aquela ia ser a última aula. Ele retrucou “De jeito nenhum, Tom, você não vai sair, eu não vou deixar! Eu já me investi em você, não ouse desistir!” Eu tenho que te dizer, eu estava com um pouco de medo!
Eu ainda era um garoto e pensava que eu estava em um pequeno quarto de portas fechadas com um psicopata! Eu não sabia se aquele cara ia me bater, ou o quê, a coisa toda pareceu um pouco estranha na hora.  Ele começou a explicar muitas coisas sobre o processo de se tornar um verdadeiro músico (das quais a maioria eu não entendi na hora).
O principal objetivo dele era me manter focado nos objetivos a longo prazo, benefícios e resultados que eu  queria tirar da música. E deixar ele focar no processo de como ele iria me levar até lá. Eu me lembro vividamente quando ele me disse: “Não questione meus métodos de ensino, Tom, porque  você não tem o conhecimento, experiência, e habilidades de ensino que eu tenho. Se você quiser estudar matemática, inglês ou literatura, futebol, golfe ou qualquer coisa, é o professor, treinador ou técnico quem determina qual processo, formatos e métodos  que serão usados para masterizar a matéria, não o estudante. Você acha que “sabe” como julgar meus ensinamento, mas não sabe. Você acha que sabe quais são os melhores modos para aprender música mas você não sabe. Pessoas que pensam desse jeito são aquelas que me fazem perder tempo como professor. Por isso que há por aí tão poucos guitarristas “realmente bons” no mundo se comparado com as massas que não são “muito boas” e nunca serão “muito boas”. Não seja ignorante, Tom. Você quer ser capaz de fazer o que eu faço com a guitarra ou não? Eu cheguei aqui. Você pode também.
Palavras duras, hein? Por isso que eu me lembro delas tão bem. Randy sempre foi bem sincero comigo. Eu disse para ele que eu tinha que sentir como que as lições iam me beneficiar imediatamente (ou em um futuro próximo) ou senão eu ia sair. Ele replicou algo assim:
Aprender guitarra e música é um desafio de longo prazo. Nenhum ótimo guitarrista se tornou ótimo pensando do jeito que você está pensando agora, Tom. Esses músicos entenderam e se comprometeram com o processo de aprender a longo prazo. Se você não adotar essa visão, nenhum professor vai te ajudar realmente. Você precisa dar um esforço honesto. Você não terá os resultados que procura  sem um sério comprometimento. É simples.
Depois da aula, eu fui pra casa pra ponderar o que ele me disse. Eu ainda pensava que o Randy era meio doido, mas em algum lugar lá no fundo eu sabia que aquele cara estava olhando pelos meus melhores interesses. Eu sei que ele disse o que ele disse para meu benefício.
Randy tinha um próspero negócio ensinando, com uma lista de pessoas querendo pegar aulas dele, então pareceu claro que eles não estava preocupado com perder dinheiro se eu saísse. Acreditando que as palavras dele eram sinceras, eu tomei o conselho dele seriamente. Ele me convenceu  a continuar tentando, estar motivado, acreditar em mim mesmo, confiar em meu próprio potencial e nas habilidades de ensinar dele.
Eu avancei muito desde 1989. Randy me inspirou e me guiou em um tempo crítico no meu ensino. Certamente minha vida teria sido diferente hoje se eu não encontrasse um modo de me manter motivado, me ensinar e me inspirar a continuar como estudante dele. Em contra-mão, eu posso ver agora que minhas lições com Randy estavam indo bem. Eu apenas não conseguia ver isso lá na hora.
Olhando para trás da minha experiência, eu poderia ter aprendido algumas das mesmas coisas que ele me ensinou de outras fontes, como livros. Eu possuía muitos livros de instrução e vídeos, mas não tem substituto para ter aulas regulares de um tocador e professor expert. A coisa valiosa para mim não era o que Randy me ensinava, mas o modo que ele me ensinava e a ordem na qual ele apresentava as informações certas na hora certa. Aquilo só, já valia mais do que o preço que meus pais estavam pagando pelas aulas.

Mais Anos Perdidos Ensinando A Mim Mesmo (de novo)
Depois de 2 anos pegando aulas realmente muito boas, Randy se mudou para outra cidade e eu fui forçado a, ou achar outro instrutor ou voltar a aprender por conta própria. Eu fiz os dois e falhei miseravelmente nos dois pelos próximos 3 anos. Eu fui a uma série de professores medíocres (e alguns ruins). Eu aprendi algumas coisas aqui e a colá, mas falhei em ter algum tipo de progresso real que eu tinha com o Randy. Então eu saí.
Por algum tempo, eu estava determinado a me ensinar e disse pros meus amigos: Eu estou ensinando a mim mesmo. Não preciso investir dinheiro em um professor, eu posso fazer isso por conta própria. Claro que eu progredi, mas eu também me ensinava errado, e isso retardava meu processo. Claro que eu não percebi isso na hora, mas com o tempo isso se tornou mais e mais óbvio que eu não sabia de verdade o que eu estava fazendo.

Solução Simples:
Claro que eu precisava de muitas coisas para alcançar meus ambiciosos objetivos, mas meu crescimento musical todo poderia ter mudado se eu tivesse feito quatro coisas, bem simples:
Passo 1: Achar um ótimo professor.
Passo 2: Dizer para ele quais eram meus objetivos eram
Passo 3: FAZER o que meu professor me disser para alcançar meus objetivos
Passo 4: Continuar a repetir o Passo 3 em uma base constante.
(É nos passos 1 e 4 que a maioria das pessoas falham em seguir)

Reviravolta Crítica:
Eu cheguei a entender meus sonhos de ser um grande e profissional músico pareciam estar crescendo mais indefinidos. A idéia da qual eu nunca alcançaria meus objetivos me afetou de um modo bem negativo. Ficou claro, que agora eu precisava mais do que um bom professor, eu precisava me remotivar! Eu procurei eu todo lugar pelo melhor professor que eu pudesse encontrar usando idéias que eu desenvolvi para separar os melhores professores dos mais medianos.
Eu encontrei um professor realmente ótimo, seu nome é Jack Wilson. Eu estudei com ele por 2 anos. Ele não só era meu professor, mas mentor, e agora bom amigo. Eu posso dizer completamente certo, que se eu não tivesse estudado com o Jack, eu não estaria escrevendo isso pra você agora, ou vendendo CDs ou viajando ao redor do mundo, ou ensinado números incontáveis de outras pessoas a alcançar seus objetivos. Obviamente, eu devo muito a ele.

Uma Decisão Importante Que Fez Toda A Diferença.
É impressionante como uma decisão (no meu caso, estudar com Jack e confiar no seu julgamento), ultimamente me levou a um grande sucesso anos depois como um músico em ambos lados, artístico e profissional. Quando eu encontrei o Jack ele não disse: “Oi Tom, foi bom te encontrar, eu vou te mostrar como mudar sua vida”. Eu podia ver que ele tinha muito conhecimento e era um professor excelente, então eu continuei estudando com ele. Como professor, ele me deu as ferramentas da guitarra que eu precisava e me mostrou COMO USÁ-LAS.
Depois de talvez um ano de aulas de guitarra, o lado de mentor de Jack veio. Como meu mentor, ele disse para mim algo que eu já possuía, mas ainda não podia ver por mim mesmo... Potencial. Verdadeiros mentores não te dão um punhado de sementes. Eles encontram as sementes que há em você, cavam e então fertilizam. Algumas sementes precisam ser regadas, outras dias e dias, e o sol precisa fazer a parte dele. Ótimos professores como Jack Wilson são muito raros, e eu estava muito feliz de ter estudado com ele. Obrigado Jack!

Moral da História:
Um professor mediano pode ajudar um bom aluno muito mais profundamente e muito mais rápido do que um ótimo professor pode ajudar um aluno medíocre. Me levou um tempo para aprender pelos meus erros, meu conselho para você é ser mais inteligente do que isso para evitar os erros desde o início!

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Escrito por Tom Hess 
Retirado de: http://www.tomhess.net/Articles/AreYouABadStudent.aspx
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Composição Musical - Parte 5 (por Flávio Lima)

Público Alvo e Marketing

Quando produzimos música, queremos naturalmente que ela seja ouvida pelo maior número de pessoas possível. É muito interessante quando alguém diz que ouviu uma canção nossa e diz que gostou da letra ou da melodia ou que ouvir determinada música fez com que ela lembrasse de algum momento importante em sua vida.
É para isso que produzimos música, para que ela seja usufruída e apreciada por um determinado tipo de público. Devido ao imenso número de pessoas existentes e à sua multiplicidade cultural, comportamental e de costumes, devemos lançar mão de uma determinada estratégia para que nossa música atinja o público desejado. É nessa hora que devemos começar a pensar em algumas estratégias de Marketing para termos sucesso. O Marketing nos ajuda a colher informações sobre nosso público alvo e a definir a melhor atitude para fazer nossa música chegar a essas pessoas. E isso é muito importante também no momento em que estamos compondo, no âmago da criação do nosso produto musical.

E qual é o público desejado? - você deve estar se perguntando. Podemos dizer que é o grupo populacional com o mais alto potencial de identificação com sua música; são essas pessoas que comprarão seus CDs, que baixarão seus mp3 e que irão aos seus shows com mais freqüência.
Devemos começar pensando no estilo da música que fazemos e como essa música se relaciona com os hábitos do nosso público alvo. Por exemplo, se você toca música mais tranqüila (MPB tipo Caetano Veloso ou Marisa Monte), muito provavelmente seu público alvo terá hábitos mais tranqüilos e discretos e apreciará bastante algum tipo de leitura; a faixa de idade pode ser entre 15 a 60 anos. Já o público de rock mais pesado (faixa dos 13 a 45 anos, mais ou menos) tem uma maior atitude de contestação, as roupas chamam a atenção (podem usar somente roupa toda preta ou com alguns elementos – pulseiras, cabelo colorido, dançam freneticamente etc.). O público de rock mais melódico (estilo Beatles, Kid Abelha e Paralamas do Sucesso) não procura chamar tanto a atenção com a roupa, mas aprecia melodias bem construídas e os timbres dos instrumentos. Geralmente gostam de ouvir também músicos e bandas dos anos 50 e 70.

Você viu algumas diferenças interessantes entre o público de rock (rock mais pesado e rock melódico). Se você pensar no seu público no momento da composição de sua música, é possível sair ganhando e entrar em contato mais rápido com as pessoas que podem baixar seus mp3 ou comprar seu CD. Você pode compor alguma letra que fale sobre temas existenciais, por exemplo. Há uma grande busca hoje em dia por uma melhor qualidade de vida, muitos procuram a auto-ajuda e querem se conhecer melhor para serem mais felizes. Porque não falar disso em sua música? Pesquisa atualidades, leia sempre vários jornais e revistas.
O amor romântico também pode ser abordado de forma diferente em suas letras. Você pode escrever algo que não seja tão piegas ou meloso, se não o quiser. Se você canta um estilo mais romântico, procure falar dos hábitos de hoje em dia (muitas pessoas “ficam”, não namoram) e isso pode ser bom para a sua música. Gostaria somente de passar uma pequena dica: tente sempre ser universal, trate a sua música de forma que a pessoa possa ouvir hoje e daqui a 50, 100 anos sem parecer tão desatualizada. Isso pode ser feito com uma letra com temática mais ou menos geral. Se você definir uma data (mês ou ano) na sua letra (algum evento específico que aconteceu numa determinada data) ou se referir a algum personagem ou ídolo específico, cuidado que ele pode tomar alguma atitude vergonhosa e decepcionar você (ninguém é perfeito). Como a sua música estava, em hipótese, ligada a ele, ela também vai perder valor. Portanto, cuidado com citações, homenagens a pessoas e datas.

Procure conhecer os lugares, modos de vestir, do que mais gostam de falar, comprar e ler os que mais simpatizam com o seu som. Com o tempo, você vai começar a traçar um perfil do seu público e vai se surpreender, encontrando diversos aspectos comuns. Por exemplo, você pode perceber que as pessoas que gostam de sua música gostam de ouvir também bandas como Legião Urbana e Rolling Stones, que gostam de CDs de músicos independentes e que apreciam muito baixar músicas da Internet para ouvir no carro ou em casa. Em especial, você pode descobrir que gostam muito de comer sanduíches! O que isso sugere a você, como você pode usar isso em benefício de sua música? Pode parecer óbvio, mas pode ser uma boa idéia compor alguma coisa sobre sanduíches. A letra da música pode falar sobre um cara que "foi comer um sanduíche e na lanchonete conheceu o amor de sua vida". Feito de forma criativa e confiante, a música pode ficar boa e cativar o seu público.

Uma das músicas que fiz (“O caminho”) possui uma letra que trata da trajetória que seguimos na vida, fala de modo simples sobre nossas escolhas e como é difícil tomar decisões importantes. Um trecho da letra diz: “... o caminho... quem vai seguir..., quem vai chegar...., quem vai voltar..., já é o final da estrada...”. É um modo simples e dramático de falar de nossas escolhas, é algo como “cuidado na sua vida, pode ser a última chance”. As pessoas podem se identificar com isso, já que atualmente há uma busca muito intensa pelo autoconhecimento.

É claro que a meta de atingir o público alvo não deve subverter o seu processo de criação, ou seja, uma música só vai ser legal se ela for sincera e coesa. Não adianta compor artificialmente só para meramente atingir um grupo de pessoas, você deve aliar o seu estilo pessoal de compor com uma boa escolha dos temas, de modo que você se sinta à vontade para falar sobre ele, não adianta forçar. Lembre-se sempre de que o seu julgamento estético e o bom senso serão seus guias nessa trajetória. Procure conhecer o seu público, mas nunca deixe de ser sincero e verdadeiro com ele. Tenha certeza que, se isso acontecer, muitos perceberão e só você perderá com isso.

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Retirado de: http://www.flaviolima.com/
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Composição Musical - Parte 4 (por Flávio Lima)

Integração Entre Letra E Melodia

Neste artigo discutiremos alguns “mistérios” relacionados ao encaixe entre a letra (poesia, parte escrita da música) e a melodia (a música propriamente dita) no âmbito das canções populares. Nos três artigos anteriores discutimos generalidades sobre composição musical, como ter mais inspiração e como guardar e registrar adequadamente estas idéias.Como já falamos anteriormente, a primeira necessidade é ter paciência com a música que se está compondo no momento. Podemos pensar, no começo do processo de composição, que a música está ruim e que o melhor é jogar o rascunho da letra fora ou esquecer a melodia. Nesta fase a letra pode estar rudimentar, às vezes as frases ainda estão sendo encaixadas e elaboradas; o assunto pode ainda estar sendo construído. É aí o ponto crítico, onde ou desistimos da canção ou continuamos e temos sucesso. Sugerimos a você que tente mais um pouco.

Se você começou a compor com a letra primeiro, sabemos que as palavras ou mesmo frases inteiras podem sugerir uma melodia, pela sua musicalidade própria. Um exercício legal para trabalhar a percepção e a sensibilidade é ler poesia e prestar atenção na musicalidade das palavras. Quando lemos em voz alta a palavra “violão” a sensação é diferente de quando lemos a palavra “maçã”. Pode ser que você não concorde, mas acho a palavra “violão” mais séria, mais grave e pesada do que a palavra “maçã”. Perceba que a sensação que uma palavra causa pode estar ligada à sua sonoridade (musicalidade), ao seu significado ou ao contexto da frase ou trecho da letra onde ela vai estar encaixada.

Essa percepção é interessante, já que esse “humor” das palavras e frases pode sugerir melodias ao compositor. Após um certo tempo, nossa percepção começa a se abrir para essa habilidade, que acredito que está em todos nós em maior ou menor grau. Com um pouco de treino a facilidade virá naturalmente. Caso você ache que uma determinada letra é um pouco triste e queira torná-la mais alegre sem modificá-la, é possível construir uma melodia alegre para ela. O resultado será uma canção moderada que transmitirá a mensagem com um tema dramático mas que não terá um efeito tão depressivo sobre o ouvinte. O oposto também pode ser verdadeiro, sem dúvida alguma.
Noutras ocasiões, a letra vai sugerir uma linha melódica mais alegre, ou com um andamento mais rápido (música rock, balada mais acelerada) ou dançante. Outras vezes, se você começar pela linha melódica pode surgir uma frase inteira que se encaixe diretamente num trecho melódico com muita facilidade. É essa frase inicial completa (com letra e melodia devidamente encaixadas) que às vezes determina o desenvolvimento e o desfecho da música, que às vezes necessita de um pouco mais de esforço para ser completada.

É possível que o ritmo e o instrumento musical onde você está compondo a canção influenciem o resultado final. Esteja sempre aberto a modificações de ritmo e testes variados. Uma música pode começar com uma melodia lenta, mas pode ser necessário acelerá-la (o que vai determinar isso é o seu senso crítico, você tem às vezes que saber o que a música está “pedindo”). Sim, às vezes uma canção é tão forte e expressiva que ela adquire vida própria realmente, ela passa a “pedir” para ser mais rápida, ou mais dançante ou para ter mais ou menos letra. Para outras, por outro lado, será preciso um esforço maior. É possível você fazer uma letra enorme e depois perceber que fica melhor cortar dois terços do que você escreveu, preenchendo o tempo de música com repetições de trechos. Noutras vezes, a letra da música flui com frases que não se repetem, sem refrões nem rimas, como a canção “Faroeste Caboclo” da banda Legião Urbana. Algumas letras da banda alagoana Mopho são bastante simples e revelam brincadeiras surrealistas com a letra (“Uma leitura mineral incrível”), onde o destaque pode estar na ênfase de determinadas sílabas, que são prolongadas ou encurtadas propositadamente para realçar a canção.

Outra dica interessante, principalmente quando se está começando a compor (e quando não se tem uma letra) é ficar testando acordes no violão, até você encontrar uma seqüência interessante de dois ou três acordes. Encontrou uma seqüência legal? Então passe a cantar algo, mesmo que seja sem sentido, sempre procurando a “voz” ou as “vozes” do acorde ou da seqüência de acordes. Se você encontrar um fraseado vocal interessante, vai ser mais fácil começar a determinar uma letra para esse trecho.
 Se você só tem a letra completa mas não tem melodia, preste atenção nos inícios de frases (para determinar melodias) ou então nas partes que mais lhe chamarem a atenção. É bastante provável que estas partes se tornem os refrões da música, que são os trechos com mais apelo e energia.

Tente compor nos estilos musicais que mais lhe agradam. Assim tudo será mais fácil e natural, com uma sensação de familiaridade, o que tornará o processo mais prazeroso. Nesse início também é interessante procurar imitar o estilo de compor de algum ídolo, mas lembre-se de que, mesmo que isso aconteça, com o desenvolvimento progressivo é natural que suas próprias características comecem a se definir e a se revelar em suas composições. A última dica (e não menos interessante) é procurar formar clubes de composição, seja em casa de amigos ou em bares e locais públicos para encontros semanais, onde vários compositores possam se encontrar, mostrar suas músicas uns aos outros e estabelecer um intercâmbio de idéias.

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Composição Musical - Parte 3 (por Flávio Lima)

Tendo Mais Inspiração

Não há dúvidas quanto ao fato de que a inspiração artística é um terreno pantanoso e percorrido por poucos aventureiros. Muitos pensam que, por ser algo subjetivo, não seja possível desenvolver a inspiração. É aí que muitos se enganam e perdem grandes oportunidades, que estão presentes em nosso dia-a-dia e (o mais importante de tudo) ao alcance de todos nós.
Podemos admitir que a inspiração é um grande “poço de idéias”. Quanto mais alimentarmos este “poço”, mais ele responderá às nossas solicitações e necessidades. A “quantidade” destas idéias é fundamental, mas a forma como elas se entrelaçarão (a “qualidade”) também será de extrema importância para o sucesso na atividade de composição musical. E para isso pode ser importante mudar certos conceitos de sua visão de mundo (falaremos sobre isso mais adiante).

Sendo assim, como poderemos alimentar nosso “poço de idéias”? As idéias podem nascer de fontes variadas, sejam elas estímulos sonoros, textuais (livros, histórias em quadrinhos, panfletos, revistas etc.), táteis, visuais, olfativos, emocionais, sensitivos e de vários outros tipos. Quando você lê um livro ou vê um programa de televisão, você entra em contato com valores que foram transmitidos por aquele veículo (sejam eles valores culturais, econômicos ou sociais). Alguns destes valores vão ficar profundamente gravados em sua mente, seja porque foi algo com que você se identificou de modo especial ou porque simplesmente determinado detalhe lhe chamou a atenção (o cenário de um programa de TV, por exemplo). Sendo assim, alguns fatos serão lembrados por você mais facilmente do que outros, quando você sentir necessidade. Por isso não despreze informações, procure absorver algo de tudo com que você entrar em contato.

A nossa percepção é uma das ferramentas mais importantes, estando diretamente relacionada à sensibilidade. Quando você visitar um restaurante, procure prestar atenção ao ambiente, à decoração, à iluminação e ao mobiliário. Quando ler um livro, procure visualizar em sua mente o que você estiver lendo (a formação de imagens mentais é um dos melhores treinos para a criatividade). Quando estiver ouvindo uma canção, procure prestar atenção em cada instrumento musical e nas diferenças de volume de cada um deles, bem como no entrelaçamento entre letra e melodia; tente definir o que aquela música desperta em você (calma, raiva), se ela se parece com algo que você já ouviu. Quando for apresentado a alguém, observe os detalhes da aparência e do comportamento dessa pessoa.

Vamos agora dar um exemplo bastante prático de como tudo isso vai ser útil para você. Digamos que você queira escrever uma letra para uma música que seja a narração de uma história, ao estilo “Faroeste Caboclo” (banda Legião Urbana), do tipo “Johnny be goode” (Chuck Berry) ou como “Marieta e eu” (do trabalho recente do alagoano Basílio Sé). Digamos que você queira criar um pesonagem para a história, onde sua aparência e comportamento serão descritos com detalhes. Por que não usar as características de alguém que lhe foi apresentado recentemente? É claro que na letra da música você vai colocar um nome diferente para o seu personagem, que não seja o da pessoa real.
Na canção “Supersonic”, da banda inglesa Oasis, o compositor cantou “... I know a girl called Elsa” (“... eu conheço uma garota chamada Elsa”). À primeira vista, é claro, você acredita que o compositor se refere a uma garota, mas na verdade Elsa era uma cadela que estava no estúdio na hora que a música estava sendo composta. O nome do animal é que foi o elemento de valor, o verdadeiro “X da questão”, justamente porque ajudou a rimar a letra. O que também quero deixar claro aqui é que você não deve se prender a nada, não crie regras onde elas não existem. Hoje você pode fazer uma letra que contenha rimas, amanhã ela pode não rimar. Certas letras contam histórias, outras não falam sobre nada especificamente (a beleza pode estar na musicalidade das palavras e no entrelaçamento com a melodia).

Gostaria de lembrar aqui a importância de anotar todas as idéias e gravar suas melodias, para acessar e desenvolver depois (tema do artigo anterior). Com relação a melodias, a dica mais importante é nunca menosprezar nenhuma idéia melódica que venha à sua mente. Uma pequena linha melódica de três notas (um “tan ran ran” qualquer) que apareça na sua cabeça (e você considere uma porcaria no inicio) pode vir a se tornar uma grande música. Pode parecer engraçado, mas se você está dedilhando o seu violão sentado no sofá e nenhuma idéia aparece, tente andar um pouco. Mesmo que seja andar em círculos ao redor de uma mesa, ou de uma mesa de centro. Logo após, volte a tocar o violão, ou o piano. Se não funcionar, vá dar uma volta fora de casa, volte em alguns minutos e pegue de novo o violão. É surpreendente, mas funciona (talvez porque o seu cérebro fique mais oxigenado, ou porque o movimento em círculos ajude a estimular a percepção sinestésica, gerando atividade cerebral). Lembre-se de que a reformulação de nossa visão de mundo e a disposição de aprender com todos à nossa volta são atitudes fundamentais para o desenvolvimento. É por meio disso que aprenderemos a combinar nossas idéias dos modos mais diversos possíveis, para que possamos enxergar maiores possibilidades em nosso caminho.

Por fim, não menospreze nada. Informações do cotidiano, conversas com amigos, idéias de letras e melodias, conhecer novas pessoas e lugares, tudo isso é muito importante para desenvolver sua percepção sensorial. Ah, tenha bastante cuidado com bebidas e, de preferência, não fume. Para criar, o cérebro é o seu principal instrumento e para isso ele precisa ser conservado da melhor forma possível (lembre-se de que não nascemos com estepe). O álcool, o fumo e outras drogas podem prejudicar irreversivelmente o desempenho cerebral!
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Retirado de: http://www.flaviolima.com/
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Composição Musical - Parte 2 (por Flávio Lima)


Registre Suas Idéias:

Sabemos que grande parte das canções populares é composta de uma melodia e de uma letra. É importante, portanto, sabermos como se faz o registro seguro e prático destas idéias, para que elas não “desapareçam no ar” e possam ser devidamente integradas, resultando na composição final completa. Sim, é verdade! Muitas idéias de composições (algumas muito boas) não vêm ao mundo simplesmente porque, ao serem geradas, não são registradas de forma alguma. Infelizmente, acabam se perdendo no esquecimento.

As idéias de composição musical acontecem quando você, por exemplo, está assistindo à televisão, ou está simplesmente por aí e de repente uma determinada conversa, comentário ou outro acontecimento qualquer sugerem um tema interessante para uma letra. O impulso criativo toma forma, as idéias não param e aí é preciso registrá-las. É bom que você ande sempre com um bloco de anotações, desses bem pequenos e baratos mesmo (fica até mais fácil de ser transportado). Nem pense duas vezes, anote nele todas as suas idéias de temas e letras para composições. 

A inspiração pode vir na forma de uma pequena frase. Outras vezes, a idéia vem por meio de palavras desconexas, em seqüência. Mesmo que as frases ou as palavras não tenham sentido algum, o importante é que elas podem sugerir uma melodia (talvez seja essa a sua maior importância inicial), por isso devem ser anotadas. O contrário também pode ser verdadeiro, ou seja, uma melodia sugerir as palavras e frases mais adequadas. Não perca tempo, anote todas estas idéias antes que você as esqueça (algumas ficam em nossa cabeça por poucos segundos ou, no máximo, alguns minutos), sempre do modo mais fiel possível ao original. Estes pensamentos (aparentemente nenhuma relação entre si) depois de serem escritos no bloco de anotações, poderão ser posteriormente analisados por você para que haja um amadurecimento, de um modo mais amarrado e coeso. Isso porque nem sempre somos capazes de julgar as idéias criativas na hora que as concebemos. Às vezes é preciso um pouco de tempo para nosso cérebro processar aquela criação e reconhecer o seu valor, por isso a necessidade da anotação e da paciência.
 Se você preferir, é possível guardar suas idéias em um gravador pequeno (ou celular). Separe suas gracações, em algo do tipo “idéias para letras” ou “idéias iniciais para letras de música”, para que você possa localizá-la facilmente. É muito interessante que você leve o gravador para vários lugares, pelo menos quando estiver num período intenso de composição, já que nunca sabemos quando vamos ter uma boa idéia.

Já que estamos falando sobre gravadores, vamos falar um pouco sobre o registro de melodias, talvez a parte mais complexa referente ao registro de idéias para composição musical. O método oficial de registro de uma melodia é a partitura, na qual as notas e acidentes musicais são anotados por meio de sinais específicos, escritos na pauta musical. Sim, são aquelas “perninhas”, tracinhos e bolinhas pretas que para muitos é o mesmo que o idioma dos nossos conhecidos gregos. Felizmente, para o músico popular que não entende nada de partituras, tem um método mais prático que é a gravação da melodia direto no gravador. Neste método, você simplesmente canta ou assobia as notas (se preferir pode tocar no seu instrumento), da forma mais simples possível.
Essa melodia pode vir acompanhada de uma frase que não tem nada a ver, ou ela pode surgir associada a palavras soltas, ou não vir associada a nada (somente a melodia mesmo). Nos compositores com mais “estrada”, uma melodia pode aparecer associada a uma estrofe inteira (não se preocupem, com o tempo e insistência vocês conseguem!). O importante é que você grave tudo que considerar interessante, até um simples “tan ran ran” com três notas.
Não se esqueça que é possível que ninguém mais no mundo possa estar tendo a mesma idéia de letra ou melodia que você. Por isso, anote e grave tudo! Depois ouça bastante, critique e analise a pequena idéia que você teve. A melodia pode ter aparecido num tom muito alto para você cantar, aí você pode procurar o tom mais adequado para sua voz e para transmitir melhor a emoção que a música “pede”. Se a música que você quer fazer for mais acelerada, você pode aumentar um pouco o tom para cantar, para causar um efeito mais “quente”. A letra poderá ser alterada várias vezes para que fique completa, mas sempre a partir da idéia inicial que você precisou anotar. 

Para compor, é preciso senso estético, autocrítica e percepção apurados. Essas habilidades podem ser construídas e desenvolvidas com o exercício constante. O simples registro de suas idéias iniciais de letras e melodias, associado a análises constantes do material e à prática da autocrítica, vão desenvolver a sua percepção musical e a sua sensibilidade. Conseqüentemente, sua antena artística vai melhorar. A importância destes registros de letras e melodias (seja em anotações ou em gravadores) é apenas inicial. Quando a música começar a ganhar corpo, esses registros podem ser dispensados. Sugerimos, apesar disso, que você sempre os guarde, pois eles serão verdadeiros documentos de sua história como compositor. E nunca deixe de acreditar em seu potencial pessoal; tenha certeza de que ninguém no universo conseguirá compor igual a você!

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Retirado de: http://www.flaviolima.com/
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Composição Musical - Parte 1 (por Flávio Lima)


Este é o primeiro artigo de uma série na qual transmitirei algumas dicas sobre composição de música popular. Não abordaremos nesses textos o uso de partituras e sim da música feita intuitivamente, com o ouvido. Toda a experiência aqui relatada é fruto de vivências pessoais, de informações coletadas em fontes diversas e da observação de aspectos e comportamentos referentes ao meu próprio processo criativo, informações estas que tenho imensa satisfação de compartilhar com todos os leitores.

Primeiramente, para fazer música não é preciso ter algum dom supremo ou ser favorecido pela natureza com habilidades especiais ou extraordinárias. Esses casos existem sim, mas acredito que na maioria das vezes são as pessoas esforçadas e decididas e com força de vontade que conseguem fazer alguma coisa, que transformam sonhos em realidade por meio de atitudes ousadas e realistas.

Alguns compositores populares começam com a letra, outros iniciam pela melodia e alguns fazem os dois ao mesmo tempo, não há regras definidas. Um mesmo compositor pode num determinado dia iniciar com a letra e, noutra oportunidade, pode começar pela melodia, dependendo do humor, da vontade e de outros fatores que interferem no processo criativo do compositor. Pense nisso: por onde você prefere começar uma composição, pela letra ou pela melodia? É famoso o caso da canção “Satisfaction”, composta por Mick Jagger e Keith Richards, dos Rolling Stones. O guitarrista Keith Richards estava dormindo próximo à sua guitarra e a um gravador, como de hábito. Às vezes ele gravava algumas coisas durante seus cochilos, até que um certo dia viu que um trecho de fita havia sido usado. Ao ouvir a fita, o guitarrista percebeu que havia criado um riff interessante tocado em sua guitarra, em meio a alguns roncos: havia acabado de nascer a melodia (com três simples notas musicais) de um dos maiores hinos do rock, de modo bastante espontâneo e natural. A letra foi acrescentada depois com contribuições de Mick Jagger.

Lembro de que comecei a ter vontade de compor toda vez que ouvia alguma canção agradável (e isso continua a acontecer até hoje); pensava com convicção que também era capaz de fazer uma boa canção, à minha maneira. Esse é o primeiro passo, acreditar na própria capacidade. Tenha a certeza de que existem pessoas por aí que compõem maravilhosamente, têm muitas músicas guardadas em fitas cassete, letras escritas em blocos de anotações, mas que não acreditam no poder de suas composições. Essas pessoas têm um certo receio de mostrar seus trabalhos e acabam sendo um obstáculo a si próprias. Devemos nutrir a convicção de que cada um de nós é especial, porque ninguém tem a mesma experiência de vida que o outro. É esta experiência pessoal que molda e interfere nas letras e melodias que são produzidas, definindo o estilo do artista e estabelecendo o seu diferencial com relação aos outros músicos.

É esta diferença pessoal que vai definir a carga emocional a ser incorporada em cada canção que tocamos, compomos ou cantamos. É bastante interessante e recompensador sabermos que Deus nos fez para sermos diferentes e singulares. Não há quem não se emocione com o tom dramático do canto das lavadeiras, com a voz rouca e “rocker” de John Lennon cantando os dramas de sua infância ou do timbre rústico e verdadeiro de Jacinto Silva, Tororó do Rojão e Jackson do Pandeiro ao abordarem as dores e alegrias do povo nordestino. Esses artistas realmente descobriram como expressar sua marca pessoal; no início podem até ter imitado seus ídolos, mas depois encontraram uma definição própria de trabalho. É esta certeza do caminho encontrado que vai conferir segurança e confiança ao artista. Sendo assim, não fique aí parado, comece já a conhecer suas influências, gostos, preferências e limites; fazendo isso regularmente, sua personalidade começará a aparecer de modo natural e progressivo.

Considere-se uma pessoa dotada de um potencial infinito, pronto a ser trabalhado e desenvolvido; nunca diga que jamais vai conseguir compor nada que valha a pena. Por outro lado, não acho saudável encarar seus grandes ídolos como seres de outra galáxia, agraciados com uma força criativa inacessível a nós, simples mortais. É importante considerarmos os cantores e compositores dos quais gostamos como bons pontos de partida, como elementos de orientação e referência ao longo da estrada. Nossos ídolos musicais foram e são pessoas iguais a nós, pertencentes a realidades econômicas, culturais e sociais mais ou menos semelhantes à nossa. Eles apenas concentraram suas energias para realizar seus sonhos e souberam aproveitar as oportunidades que tiveram.

Espero que este artigo tenha motivado você a descobrir o maravilhoso mundo da composição musical, nem que seja para tentar rabiscar alguma letra num guardanapo em mesa de bar. Nos próximos artigos, aprofundaremos o tema, abordando aspectos como: encaixe entre letra e melodia, quais temas escrever nas letras, ritmos, como ter inspiração para compor, mercado musical, divulgação e muito mais. Até a próxima!
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Retirado de: http://www.flaviolima.com/
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Composição Musical - Parte 5

Orquestração (conteúdo retirado de uma aula de orquestração)

A Orquestração é o modo com que o timbre é usado em contextos musicais (músicas/composições). Se você tem uma melodia, uma linha de baixo e alguns acordes, você pode tocar tudo isso em um único piano ou uma só guitarra (algumas vezes). Mas você também pode arranjar (orquestrar) estes elementos (a melodia, a linha de baixo e os acordes) para 2 ou mais instrumentos. Fazer decisões sobre qual instrumento vai tocar quais notas é o processo de orquestrar.
No passado, os compositores clássicos quase sempre compunham a sua própria música e também a orquestravam ela. Hoje, é comum para os compositores ter outra pessoa orquestrando a música deles. Se você já escreveu músicas para mais de um instrumento, você orquestrou a música. Orquestração é uma arte, uma ciência e uma indústria em si mesma. Para o compositor típico, a orquestração é frequentemente esquecida, mal entendida ou um mistério. Nós vamos começar a discutir a orquestração em um nível intermediário (você precisará ter um entendimento bem básico de como os instrumentos funcionam juntos antes de pegar a maior parte desta aula).

Quando você usa múltiplos instrumentos, considere quantos modos diferentes você pode arranjar o lugar de cada instrumento no aspecto do alcance do pitch.
(Aspecto do alcance do pitch? O que é isso?... É o alcance de todas as notas possíveis das mais graves até as mais agudas e tudo que envolve isso.)
É óbvio que instrumentos de base como o contra-baixo, tocam as notas mais graves na maioridade dos contextos musicais. Compositores usam instrumentos de baixo porque:
1. Esses instrumentos podem facilmente tocar as notas mais graves (baixo, no aspecto do alcance do pitch).
2. A qualidade da cor (som) é excelente no alcance das notas baixas do pitch.

Por causa estes instrumentos tocam e soam muito bem nas notas graves do pitch, é frequentemente ignorado que estes mesmos instrumentos podem soar realmente bem no alcance do tenor (o alcance do pitch acima do alcance do baixo – por exemplo: As notas mais graves da guitarra de 6 cordas estão no alcance do tenor). Em uma música típica (pop, rock, metal, country, blues ou jazz) os instrumentos de baixo estão virtualmente sempre tocando as notas mais graves (baixo). Os compositores ta música clássica do século XIX, XX e XXI frequentemente experimentaram a variedade dos instrumentos de baixo tradicionais, algumas vezes colocando esses instrumentos mais altos do que (ou igual ao) tenor, ou mesmo nos instrumentos de alto alcance. Isso é chamado “cruzamento de vozes” ou “vozes cruzantes”. Isso geralmente é feito para um efeito específico na música para trazer contraste na variedade e no som da orquestração.
Porque o Cruzamento de vozes envolvendo os instrumentos de baixo não é comum na maioria das músicas não-clássicas, mas por que?
• Porque compositores ao redor to mundo pensaram nesse processo todo e fizeram uma decisão artística informada concluindo que cruzando os instrumentos de baixo acima dos outros instrumentos era uma idéia ruim?
• Eles leram em algum lugar ou conduziram algumas experiências musicais para testar o nível do valor considerando o cruzamento de vozes?
• Eles estudaram orquestração formalmente ou ao menos informalmente?

Não, no geral, orquestração na música não-clássica tem sido limitada pelos básicos de instrumentação (o alcance comum dos instrumentos) porque as notas de baixo não naturais para instrumentos de baixo, e porque esse é o modo que tem sido feito tradicionalmente. E sim, o modo tradicional de faze as coisas funciona, mas esse sistema não está quebrado? Então porque concertar isso? Cruzar vozes no baixo não é “concertar” nada, é simplesmente outra ferramenta útil quando usada nos lugares certos (e quando não é usada em demasia). É um som legal para se usar em algumas situações, e muitos baixistas amam tocar partes altas, mas raramente tem uma chance de fazer isso nas músicas. Quando escutar músicas, note o quão não-frequentemente esta técnica é usada, mas quando você ouvir isso, análise como e onde é usada. Se você está procurando por isso, é muito fácil de ouvir.

Experimente o cruzamento de vozes a próxima vez que você escrever música. Se isso não soar bem pela primeira vez que você tentar, não desista do conceito se el não melhorar o som da sua música. Cruzamento de vozes não funciona em todas as situações musicais. Por exemplo, você tende a ouvir isso mais em seções instrumentais (intros, interlúdios, e transições por exemplo), ou uma seção de ponte vocal. Versos e refrões são mais difíceis de ter cruzamento de vozes envolvendo os instrumentos de baixo. Isso é porque as melodias vocais são geralmente mais importantes do que linhas de baixo, e cruzamento de vozes com o baixo vai distrair o ouvinte da melodia vocal. Compositores geralmente querem que as linhas vocais importantes sejam claras e sem muito conflito com a atenção do ouvinte. Mas não deixe isso te parar. Experimente em cada seção da sua música para ver se isso funciona para você.
Existem duas aproximações para o cruzamento de vozes da linha do baixo:

1. Pegue sua linha de baixo existente e toque ela 1, 2 ou 3 oitavas mais aguda do que o normal. Isso vai geralmente trazer a linha de baixo acima do próximo instrumentos mais grave. Isso vai resultar em uma nova linha de baixo porque desde a linha de baixo original está “acima” de alguma outra coisa, a “alguma coisa” se tornará a nova linha de baixo (mesmo se não está sendo tocada por um instrumento de baixo)
2. Partes de trabalho com outro instrumento onde a linha de baixo toca mais aguda do que o próximo instrumento mais grave. Isso vai resultar na linha de baixo continuando a mesma (enquanto as notas reais vão), mas agora será tocada por outro instrumento ao invés do instrumento de baixo tradicional. Isso é fácil de fazer com um violão ou piano/teclado por exemplo.

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Escrito por Tom Hess 
Artigo original: http://www.tomhess.net/Articles/SongwritingPart4.aspx
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sábado, 28 de agosto de 2010

Composição Musical - Parte 4


Na Parte 4, nós vamos olhar em alguns conceitos de composição mais avançados (e algumas vezes ainda bem simples), focando em áreas que são frequentemente ignoradas.

Mais Sobre A Dinâmica
Como as mudanças na dinâmica podem afetar sua música de uma forma positiva? Ao contrário do que a maioria de nós gostaria de acreditar, as pessoas quase nunca escutam a música profundamente. Pense sobre isso, qual foi a última vez que você, como músico (ou aspirante de músico pelo menos), sentou em uma cadeira e por 30 minutos só escutou música, fazendo NADA MAIS, e PENSANDO SOBRE NADA MAIS do que a música? Escutar música enquanto está dirigindo seu carro não conta. Escutar música enquanto está limpando um quarto ou fazendo qualquer atividade não conta. Eu quero dizer, sentar parado em uma cadeira, esquecer do resto do mundo, se focar em somente escutar sem pensar sobre qualquer outra coisa por ao menos 30 minutos. Ao menos 99% de todas as pessoas nunca fizeram isso na vida inteira, nem uma vez! Se você (músico e compositor) nunca fez isso, você sabe que quase todo mundo que você quer que escute sua música nunca fará isso quando elas ouvirem suas canções. Mesmo se você pedir ao seu melhor amigo ou membro da família para escutar sua música nova e fazer ele prometer focar apenas na música, a maioria das pessoas não podem fazer isso verdadeiramente sem a mente imaginar algo, pelo menos um pouco. Quando elas começam a ouvir a música eles estão focados, então elas escutam algo que as lembram de alguma outra coisa, então elas podem pensar em você, o que você quis dizer na música, pensando nas suas habilidades, então depois elas podem pensar o que elas vão responder quando você pedir a opinião delas, então elas gastam os últimos 2 minutos tentando formular uma resposta positiva, etc. Tudo isso em um dia bom. A maioria das pessoas ficará tão distraída que a mente delas vai viajar para outras coisas, mesmo se elas não estão fazendo de propósito. Essa é a natureza humana e certamente muito comum na América.
Mas que horror! Nós, compositores e músicos investimos anos em escrever músicas que importam para nós enquanto a maioria dos ouvintes não focam nessas músicas por nem mais de um minuto. Então o que importa para nós, compositores? O que nós podemos fazer sobre isso? Qual elemento musical que você acha que geralmente será mais efetivo em segurar a atenção dos ouvintes mais? O que é isso manterá eles focados na música, e não nas outras coisas? Todos os elementos musicais podem contribuir para segurar a atenção do ouvinte para uma certa extensão, mas um elemento particular é extremamente efetivo quando usado bem.... Dinâmica.
Pense sobre você sentado em casa assistindo TV. Quando chega uma série de comerciais, o que a maioria das pessoas fazem? Elas ignoram esses comerciais, pensam sobre outras coisas, levantam e vão pra cozinha, pegar algo para comer, vão ao banheiro, etc. Agora imagine que você levantou e foi para a cozinha enquanto um comercial tocava na TV. O que aconteceria se um comercial de 60 segundos aparecesse, mas ficasse totalmente silencioso por 60 segundos? Depois de alguns segundos, você notaria no fundo que não tem som vindo da sua televisão. Você ignoraria essa drástica mudança de DINÂMICA? NÃO! De fato, é quase impossível ignorar isso. Essa mudança de dinâmica é tão notável que você vai até incomodar as pessoas até que você tenha entendido o que está acontecendo. Questões irão passar pela sua mente como, “O que aconteceu com a televisão? Está quebrada? Alguém desligou? Será que estação de TV está tendo problemas técnicos?” Você volta para a sala de estar e olha para a tela da TV pra ver o que está acontecendo. Então você vê que a TV está funcionando e alguém está sussurrando a mensagem do comercial para você maciamente. Nesse momento você vai voltar para a cozinha? Provavelmente não, a maioria das pessoas vão ficar lá e prestar atenção no resto do comercial.
Nós intencionalmente ignoramos a maioria do que a gente escuta e vê - esse é o modo do cérebro de filtrar estímulos desnecessários, para que nós possamos  focar somente nessas coisas que percebemos que são importantes e relevantes. Isso nos prevem de experimentar informações demais. Tente isso: A próxima vês que você estiver falando com alguém e você sentir que essa pessoa não está te escutando porque está pensando em outra coisa, simplesmente pare de falar. O silêncio vai pegar a atenção delas imediatamente, elas vão parar de pensar sobre as outras coisas e começar a pensar toda sua atenção em você! …interessante… Agora toque sua guitarra para um amigo e logo que você sentir que seu ouvinte está perdendo atenção, pare de tocar. Ele vai instantemente colocar a mente dele de volta ao foco e prestar atenção na música... MÁGICO!!
A equivalência musical na composição é inserir silêncio (descansos) na música. Claro que o modo para usar os silêncio mais efetivamente nas suas canções vai variar de situação a situação. Frequentemente, uma medida 2/4 de silêncio antes de uma seção importante da música vai funcionar muito bem.
·         Duas coisas importantes para se lembrar:
1.      Não use o silêncio de mais. Tenha cuidado para não inserir momentos de silêncio em todas as suas músicas em lugares múltiplos dentro da mesma música isso só vai diminuir o efeito.
2.      Não force silêncio em uma música que não parece natural para a música – fazendo isso vai deixar o som forçado, estranho e não natural. (Claro que se você quiser um som forçado e não natural você deve ir em frente e tentar isso.)
Em adição ao uso do silêncio, as mudanças na dinâmica também criam um efeito similar ao ouvinte. Usar níveis de contraste de dinâmica (colocar volume mais macio e mais alto) pode manter a música interessante e reganhar a atenção não dividida do ouvinte. Transições de dinâmica como “crescendos” (ficando mais alto gradualmente) e “decrescendos” (gradualmente ficando mais macio) indica algum tipo de transição na música. Como uma regra geral, transições ajudam o ouvinte a focar a atenção conscientemente de volta na música.
A maioria das pessoas (ambos, compositores e ouvintes) não estão conscientemente atentos desses conceitos de atenção e dos elementos musicais que influenciam eles... Agora você está.
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Escrito por Tom Hess 
Artigo original: http://www.tomhess.net/Articles/SongwritingPart4.aspx
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