sábado, 6 de novembro de 2010

Frustração Musical



Você está frustrado musicalmente? Você não é o músico que queria ser? Ou não é tão bom como poderia ou deveria ser? Você olha com inveja outros músicos que estão fazendo o que você gostaria de estar fazendo? Será que alcançar os teus objetivos musicais parece uma coisa fora do teu alcance?

Acho que, de tempo
s em tempos, praticamente todo mundo já pensou assim alguma vez. Felizmente, você não está sozinho, e tem coisas que você pode fazer para combater a negatividade da frustração. Muitos dos grandes mestres da música, às vezes, ficaram frustrados com as suas habilidades musicais. Eu providenciei 4 exemplos de compositores clássicos famosos assim:
1. Ludwig Von Beethoven (1770-1827) trabalhou durante longos períodos de tempo nas suas composições para completar elas. Ele reviu as suas peças várias e várias vezes aperfeiçoando e duvidando das suas composições originais. Isto era quase inédito na época de Beethoven. Muitos de vocês já devem saber que, mais tarde, na sua vida, Beethoven foi ficando, gradualmente, surdo. Devido a isso, Beethoven deixou de atuar como pianista em 1814 (13 anos antes de sua morte).
2. Johannes Brahms (1833-1897) ficou tão frustrado com suas habilidades de composições que passou 21 anos pra compor sua primeira sinfonia! Ele sentiu como se nunca pudesse compor uma sinfonia como as de Beethoven. Brahms continuava a recomeçá-la, revê-la, abandoná-la, refazê-la, etc.
3. Gustav Mahler (1860-1911), mestre de sinfonias, revia as suas sinfonias e outras obras após ter duvidado do que tinha composto originalmente. Mahler continuou a rever as suas obras até à morte. Deve ter sido frustrante continuar revendo peças que já haviam sido publicadas.
4. Jean Sibelius (1865-1957) deixou de compor durante cerca de 30 anos porque achava que se tinha esgotado de novas idéias musicais. No auge de sua popularidade, ele duvidou da sua capacidade de compor algo bom. Ele trabalhou em músicas novas durante 30 anos, ou mais, esboçando as suas idéias durante o dia e as descartando todo dia. Isto é uma frustração muito séria!
Beethoven começou a compor novamente em 1817 (depois de 3 anos de surdês). Muitas das suas composições mais importantes surgem a partir deste último período da sua vida. Beethoven, quando começou a trabalhar outra vez, abriu novos caminhos e fez coisas nunca antes feitas na música. Se ele tivesse continuado a deixar que as frustrações da sua surdez o paralisassem musicalmente, não seria tão conceituado como é hoje.
Após o período de 21 anos para compor a sua primeira sinfonia, Brahms sentiu-se aliviado. A sombra de Beethoven foi elevada o suficiente para permitir que Brahms avançasse. Ele, finalmente, encontrou uma maneira de seguir em frente e de lidar com as suas frustrações. Ele completou a sua sinfonia seguinte em menos de um ano.
A frustração pode te ajudar ou te ferir, dependendo de como você lida com isso. Como você pode ver, Beethoven e Brahms acabaram encontrando formas positivas de lidar com as suas frustrações e superar elas. Infelizmente, Sibelius não. Ele é, talvez, o exemplo mais extremo de uma pessoa que deixa a frustração a destruir musicalmente. Infelizmente, ele morreu sem que nos últimos 30 anos da sua vida terminasse uma composição significativa!
Quando eu era adolescente, eu e alguns amigos meus (todos guitarristas), fomos ver o Yngwie Malmsteen tocar em Chicago. Após o show acabar, alguns dos meus amigos comentaram sobre como se sentiram deprimidos depois de ver o Yngwie tocar e disseram que queriam desistir completamente de tocar guitarra. Éramos todos jovens e sabíamos que o Yngwie era um músico muito melhor do que nós. A principal diferença entre a reação deles e a minha foi que eles deixaram a sua admiração pelo Yngwie frustrá-los ao ponto de pensarem não haver esperança nos seus esforços para se tornarem melhores guitarristas. Muitos dos meus amigos pararam de tocar guitarra por vários dias; um deles realmente desistiu completamente.
A minha reacção ao evento foi muito diferente. Eu usei a minha admiração pelo Yngwie como uma força positiva, maciça e inspiradora. Fiquei tão inspirado que fui direto para casa e treinei durante a noite inteira até que não conseguia mais manter os olhos abertos.
O objetivo aqui não é tentar evitar a frustração, mas usá-la para o seu proveito. Eu virei sempre a minha frustração musical para uma maior fonte de motivação. Eu estava sempre à procura de outros músicos que fossem melhores que eu para uma jam. Claro que era fácil de encontrá-los quando eu era novato; tornou-se cada vez mais difícil ao longo dos anos que se seguiram. Eu recebi muitas coisas dessas experiências.
Num artigo anterior, eu escrevi sobre perseverança, escrevi sobre a importância de acreditar em si mesmo e de não desistir. Eu não quero ser muito redundante aqui, mas vale a pena mencionar brevemente alguns pontos outra vez.
Várias e várias vezes os guitarristas não chegam às suas potencialidades porque sentem que não podem se equiparar com os outros ou às suas expectativas. Porquê comparar-se com os outros? Será que é mesmo importante se você é ou não tão bom quanto outra pessoa? Claro que não. A música não deve ser vista como um esporte competitivo. É e deve ser uma arte. Tudo o que realmente importa é o quão bem você é capaz de se expressar. Assim, a questão só deve ser esta: atualmente, você têm as habilidades para se expressar plenamente através da música?
Por mais que eu nunca tenha gostado ou respeitado o cantor /guitarrista / compositor / do Nirvana, Kurt Cobain, devo admitir que ele era capaz de se expressar muito bem. Apesar do fato de que as habilidades musicais de Kurt eram primitivas e muito limitadas, pode-se ouvir a sua personalidade fluir através da sua música. Não importa que ele não fosse um bom guitarrista. Não importa que o seu conhecimento de teoria musical fosse, provavelmente, perto de zero. Também não importa que ele tocasse desafinado e que tivesse uma técnica de guitarra absolutamente desleixada. Felizmente, para aquilo que ele queria expressar, ele não precisava de ter nenhuma das competências que a maioria dos músicos considera boas e necessárias. Se o Kurt quisesse expressar algo mais significativo ou complexo, iria ficar extremamente frustrado por não ter mais habilidades musicais do que aquelas que podem ser ouvidas na sua música. Então, no final, tudo funcionou bem para ele e o meu palpite é que ele, provavelmente, não estava muito frustrado consigo musicalmente, porque ele não estava tentando ser melhor guitarrista, compositor ou cantor do que ninguém. Ele não fez esses tipos de comparações entre ele e o resto do mundo da música.
Esta é, na minha opinião, a única coisa importante que todos nós podemos seguir. Claro que a abordagem do Kurt Cobain de não se preocupar com essas comparações não é uma idéia nova; muitos outros antes e depois dele também fizeram isso. Ele é usado aqui como um exemplo porque quase toda mundo do nosso tempo o conhece.
Na minha vida, e no início, o pensamento de desistir de tocar guitarra me passou pela cabeça (apesar de que nunca a sério). Quando era adolescente, eu também ficava frustrado quando pensava que nunca poderia me tornar um guitarrista virtuoso (como Yngwie ou Jason Becker) e que nunca poderia me tornar um mestre compositor (como Chopin ou Bach). Quando eu parei de tentar competir com todo mundo, e defini novas metas de auto-expressão, tudo mudou. Eu parei de fazer comparações com outros guitarristas, compositores e letristas porque, no meu novo objetivo, essas comparações de pouco ou nada serviam para a minha nova missão de simplesmente me expressar plenamente através da música. Eu me senti liberto do fardo de ter que competir com o resto do mundo. Começando no início dos anos 90, o meu foco era o de apenas ganhar mais habilidades, ferramentas, etc. que eu precisaria para expressar o que tinha dentro de mim.
No meu caso, o que quero expressar exige um alto grau de virtuosismo na guitarra e composição, complexidade musical, integridade, etc. Porque eu preciso dessas habilidades, a minha viagem para chegar a um nível mais elevado de musicalidade necessitou muito mais tempo, esforço e estudo do que para alguém como Kurt Cobain, que tinha necessidades muito diferentes das minhas para se expressar.
A maioria dos músicos que irão ler isto terão muito mais ambições musicais do que o Kurt Cobain. Da mesma forma, você também vai se sentir frustrado quando se vir limitado pelas tuas habilidades. A chave é usar isso como uma força positiva para a sua motivação e inspiração. Mestres de todos os tipos de arte passaram pelo que você está passando. Hoje, você está em qualquer nível de habilidade. Através da tua frustração e motivação, você acabará alcançando os seus objetivos atuais. Ao alcançar estes objetivos, provavelmente você ainda se sentirá frustrado porque o teu desejo de melhorar ainda mais te fará estabelecer novas metas para você mesmo. E, assim, o ciclo continua de novo e de novo... Mas você está sempre progredindo e melhorando de novo e de novo. 

___________________________________________________
Escrito por Tom Hess 
Retirado de: http://www.tomhess.net/Articles/MusicalFrustration.aspx
Já que leu até aqui, comente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário