sábado, 27 de novembro de 2010

Originalidade


(Foto - Apresentação da banda mewithoutYou e o seu vocalista muito louco, Aaron Weiss)

O próprio fato de que você começou a ler este artigo indica que você provavelmente pensa que a Originalidade é importante. Mas será que ser original é um bom objetivo de se ter? Eu acho que a maioria das pessoas responderiam sim (na teoria, pelo menos.) Minha resposta certamente não seria sim ou não, mas eu prefiro o talvez. Eu diria isso, porque depende da situação.

Considere isso: Na música clássica, os estilos de se tocar e compor mudaram bem devagar. Mozart, Haydn e J.S. Bach não se preocupavam com originalidade. Eu sei que para aqueles que não estudaram muito a história da música, isso pode soar estranho, mas essa é a verdade. Eles não eram ótimos porque eles eram originais, eles simplesmente eram compositores superiores. Para ser ótimo (ou até o melhor) no que você faz geralmente tem pouco a ver com originalidade. Se ser inovador fosse a chave para o sucesso, dois ótimos músicos não soariam nada parecidos. Todos nós sabemos que isso não é verdade.

J.S. Bach só se preocupava em compor a melhor música sacra para Deus. Sacralidade (habilidade musical) e expressão do seu amor, respeito, etc. para Deus era tudo com o que ele se preocupava de verdade. Ele não precisava ser inovador para alcançar seus objetivos porque a música do tempo dele podia satisfazer isso. Não havia necessidade de ser inovador para alcançar os objetivos dele. Muitos dos contemporâneos de Bach eram bem mais inovadores do que ele era, mas Bach que nós nos lembramos e que é ensinado em todo programa de música clássica de cada universidade do mundo.

Mozart e Haydn (que viveram depois de Bach) só se preocupavam com ganhar dinheiro e servir seus patrões. Eles eram basicamente servos que depois fizeram um nome bem maior por si mesmos. Estes compositores queriam ganhar dinheiro, queriam encher salas de concertos e agradar os patrões que os empregavam. Esse era o objetivo deles e ser original não era importante para alcançar aquele objetivo, na verdade, inovação demais iria ferir a carreira deles nesses dias

Originalidade não se tornou um fato maior na música até que Beethoven (mais ou menos 50 anos depois da morte de Bach). Pelo tempo que Beethoven começou a compor, ele já era um pianista famoso e seguro financeiramente. Ele não precisava compor músicas muito normais para se alimentar. Especialmente depois na sua vida, ele podia fazer qualquer coisa que ele quisesse musicalmente. O maior objetivo dele era de se expressar, não ganhar dinheiro (além de que ele já tinha muito dinheiro). Mas ele se encontrou em uma situação onde compor música no modo convencional não conseguia mais expressar seus pensamentos e sentimentos. E aí que isso se tornou crítico inovar e se tornar original. A originalidade de Beethoven era necessária para satisfazer seu objetivo de auto-expressão. Ele não buscou a inovação apenas para ser diferente, mas era uma necessidade.

Quando eu perguntei: “Será que ser original é um bom objetivo de se ter?” Eu disse talvez. Eu espero que agora você está começando a ver quando (na minha opinião, pelo menos) é importante, e quando não é. Algumas vezes, as regras de inovação e originalidade são críticas, outras vezes não existe essa necessidade.
Existem vários músicos que vão até enormes distâncias pra ser diferente. Só isso. Muitas vezes o resultado não faz muito sucesso, por quê? Porque a originalidade, em si mesma, tem um pequeno ou nenhum valor porque é apenas uma anomalia, ou diferença.

Originalidade, como parte do quadro maior, onde todo o resto é balanceado e comparado, pode ser uma coisa maravilhosa e valorosa também. Quando ela tem um propósito definido para expressar algo que não pode ser feito pelos métodos convencionais é especial, e esses tipos de inovações são bem mais efetivas, poderosas, e lindas.

Meu conselho pros meus estudantes sempre tem sido esse: “Nunca evite fazer alguma coisa normal ou comum por causa do medo da sua idéia não ser original. Porque se você evitar, sua expressão musical e criatividade sofrerão com isso. Você pode usar tudo, novo ou velho, não restrinja suas opções. Não busque ser igual aos outros, e busque não ser diferente dos outros. Seja você mesmo e expresse isso, não importando se isso pede inovação, ou idéias comuns.”


Agora que eu já expressei minha perspectiva na regra da originalidade, vamos olhar para alguns modos que você pode começar a alcançar alguma originalidade em usa forma de tocar/escrever/compor/improvisar, etc. para que você tenha isso, se e quando você precisar.
Escute e estude outros guitarristas que você gosta e respeita. Mas também escute música não-guitarrística. Analise o que eles estão fazendo, como eles estão fazendo isso e como você pode usar esse conhecimento do seu próprio jeito.

Escute outros estilos musicais além dos que você escuta normalmente. Lá você encontrará novas técnicas e novos modos de aplicar velhas técnicas. Eu escutei alguns cantores realmente ótimos pra adicionar novas idéias para o meu vibratto e fraseamento. Eu escutei muitos compositores da era romântica do século XIX (principalmente Chopin) pela a harmonia e pelas progressões de acordes, modulações que não são encontradas facilmente na música moderna de hoje. Mike Walsh (o outro guitarrista em HESS) escutou muita música do Oeste e suas formas exóticas. Ele também estudou todos os maiores instrumentos de sopro na faculdade, de onde o som original do seu fraseamento de legato vêm, em parte.
Se você está buscando idéias realmente originais, procure fora da música. Existem infinitas fontes de idéias inspiradoras nas outras formas de arte e literatura, ciência, religião, instintos, culturas e mais importante – suas próprias emoções, pensamentos, desejos, cicatrizes, etc.

Quando eu era um estudante de composição na Universidade Roosevelt em Chicago, eu tive aulas em uma turma chamada Grandes Idéias. Era basicamente um estudo de grandes trabalhos literários. Um dos livros que eu li foi “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. A forma literária (estrutura) foi um bocado diferente dos outros livros que eu li. Sem passar por uma análise mais profunda do livro, eu vou apenas te dizer que a meada da história é contada por uma série de cartas. Eu penso o quão bem o livro teve sucesso em expressar a história de uma perspectiva única. Eu pensei o quão bem este conceito pode funcionar na música. Eu encontrei várias outras idéias nesse livro e outros livros que poderiam ser usados em outras formas de arte (como música) com alguma imaginação criativa e adaptação. Eu logo percebi que existe uma enorme fonte de idéias musicais em tantas coisas “não-musicais”.

Eu sinceramente espero que você procure influências musicais e não-musicais. Mantenha uma mente aberta e criativa a tudo que você vê, lê, pensa, escuta e você encontrará, eu seu próprio modo, novos tesouros que existem ali.
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Escrito por Tom Hess 
Retirado de: http://www.tomhess.net/Articles/Originality.aspx
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