domingo, 29 de agosto de 2010

Composição Musical - Parte 5 (por Flávio Lima)

Público Alvo e Marketing

Quando produzimos música, queremos naturalmente que ela seja ouvida pelo maior número de pessoas possível. É muito interessante quando alguém diz que ouviu uma canção nossa e diz que gostou da letra ou da melodia ou que ouvir determinada música fez com que ela lembrasse de algum momento importante em sua vida.
É para isso que produzimos música, para que ela seja usufruída e apreciada por um determinado tipo de público. Devido ao imenso número de pessoas existentes e à sua multiplicidade cultural, comportamental e de costumes, devemos lançar mão de uma determinada estratégia para que nossa música atinja o público desejado. É nessa hora que devemos começar a pensar em algumas estratégias de Marketing para termos sucesso. O Marketing nos ajuda a colher informações sobre nosso público alvo e a definir a melhor atitude para fazer nossa música chegar a essas pessoas. E isso é muito importante também no momento em que estamos compondo, no âmago da criação do nosso produto musical.

E qual é o público desejado? - você deve estar se perguntando. Podemos dizer que é o grupo populacional com o mais alto potencial de identificação com sua música; são essas pessoas que comprarão seus CDs, que baixarão seus mp3 e que irão aos seus shows com mais freqüência.
Devemos começar pensando no estilo da música que fazemos e como essa música se relaciona com os hábitos do nosso público alvo. Por exemplo, se você toca música mais tranqüila (MPB tipo Caetano Veloso ou Marisa Monte), muito provavelmente seu público alvo terá hábitos mais tranqüilos e discretos e apreciará bastante algum tipo de leitura; a faixa de idade pode ser entre 15 a 60 anos. Já o público de rock mais pesado (faixa dos 13 a 45 anos, mais ou menos) tem uma maior atitude de contestação, as roupas chamam a atenção (podem usar somente roupa toda preta ou com alguns elementos – pulseiras, cabelo colorido, dançam freneticamente etc.). O público de rock mais melódico (estilo Beatles, Kid Abelha e Paralamas do Sucesso) não procura chamar tanto a atenção com a roupa, mas aprecia melodias bem construídas e os timbres dos instrumentos. Geralmente gostam de ouvir também músicos e bandas dos anos 50 e 70.

Você viu algumas diferenças interessantes entre o público de rock (rock mais pesado e rock melódico). Se você pensar no seu público no momento da composição de sua música, é possível sair ganhando e entrar em contato mais rápido com as pessoas que podem baixar seus mp3 ou comprar seu CD. Você pode compor alguma letra que fale sobre temas existenciais, por exemplo. Há uma grande busca hoje em dia por uma melhor qualidade de vida, muitos procuram a auto-ajuda e querem se conhecer melhor para serem mais felizes. Porque não falar disso em sua música? Pesquisa atualidades, leia sempre vários jornais e revistas.
O amor romântico também pode ser abordado de forma diferente em suas letras. Você pode escrever algo que não seja tão piegas ou meloso, se não o quiser. Se você canta um estilo mais romântico, procure falar dos hábitos de hoje em dia (muitas pessoas “ficam”, não namoram) e isso pode ser bom para a sua música. Gostaria somente de passar uma pequena dica: tente sempre ser universal, trate a sua música de forma que a pessoa possa ouvir hoje e daqui a 50, 100 anos sem parecer tão desatualizada. Isso pode ser feito com uma letra com temática mais ou menos geral. Se você definir uma data (mês ou ano) na sua letra (algum evento específico que aconteceu numa determinada data) ou se referir a algum personagem ou ídolo específico, cuidado que ele pode tomar alguma atitude vergonhosa e decepcionar você (ninguém é perfeito). Como a sua música estava, em hipótese, ligada a ele, ela também vai perder valor. Portanto, cuidado com citações, homenagens a pessoas e datas.

Procure conhecer os lugares, modos de vestir, do que mais gostam de falar, comprar e ler os que mais simpatizam com o seu som. Com o tempo, você vai começar a traçar um perfil do seu público e vai se surpreender, encontrando diversos aspectos comuns. Por exemplo, você pode perceber que as pessoas que gostam de sua música gostam de ouvir também bandas como Legião Urbana e Rolling Stones, que gostam de CDs de músicos independentes e que apreciam muito baixar músicas da Internet para ouvir no carro ou em casa. Em especial, você pode descobrir que gostam muito de comer sanduíches! O que isso sugere a você, como você pode usar isso em benefício de sua música? Pode parecer óbvio, mas pode ser uma boa idéia compor alguma coisa sobre sanduíches. A letra da música pode falar sobre um cara que "foi comer um sanduíche e na lanchonete conheceu o amor de sua vida". Feito de forma criativa e confiante, a música pode ficar boa e cativar o seu público.

Uma das músicas que fiz (“O caminho”) possui uma letra que trata da trajetória que seguimos na vida, fala de modo simples sobre nossas escolhas e como é difícil tomar decisões importantes. Um trecho da letra diz: “... o caminho... quem vai seguir..., quem vai chegar...., quem vai voltar..., já é o final da estrada...”. É um modo simples e dramático de falar de nossas escolhas, é algo como “cuidado na sua vida, pode ser a última chance”. As pessoas podem se identificar com isso, já que atualmente há uma busca muito intensa pelo autoconhecimento.

É claro que a meta de atingir o público alvo não deve subverter o seu processo de criação, ou seja, uma música só vai ser legal se ela for sincera e coesa. Não adianta compor artificialmente só para meramente atingir um grupo de pessoas, você deve aliar o seu estilo pessoal de compor com uma boa escolha dos temas, de modo que você se sinta à vontade para falar sobre ele, não adianta forçar. Lembre-se sempre de que o seu julgamento estético e o bom senso serão seus guias nessa trajetória. Procure conhecer o seu público, mas nunca deixe de ser sincero e verdadeiro com ele. Tenha certeza que, se isso acontecer, muitos perceberão e só você perderá com isso.

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Retirado de: http://www.flaviolima.com/
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